domingo, 17 de agosto de 2008

" a beautiful soul trapped inside a ghastly body"


Joseph Merrick, o "Homem Elefante" retratado no filme de David Lynch, nasceu em Leicester a 5 de Agosto de 1862 e faleceu a 11 de Abril de 1890.
Com todos os testes e análises feitos não chegaram a nenhuma conclusão oficial, supõe-se então que ele sofreria de uma doença genética, uma combinação de síndrome de Proteus com Neurofibromatose tipo I.
A madrasta não gostava dele, obrigando-o a vaguear pelas ruas, sujeitando-se aos olhares e violência de qualquer pessoa. Como não conseguia trazer dinheiro para casa e era maltratado, aos 17 anos decidiu tornar-se uma atracção de circo.
Numa das suas "performances" foi visto por um médico que posteriormente o ajudou e posibilitou que os seus últimos anos de vida fossem vividos de forma mais digna. Assim, ficou a viver no Royal London Hospital, chegando a conviver com membros da família real e a ter a consideração da própria rainha Vitória.


Este caso, que deve ser o mais antigo que foi documentado, lembra-me o caso de José Mestre:

«O meu nome é José», um documentário que está a ser produzido pela Fox Studio Television para o canal Discovery, foi sexta-feira à noite parcialmente apresentado no Rossio, para dar a conhecer o história do homem que, há 51 anos, nasceu com uma mancha escura mas aparentemente inofensiva na cara.

«A mancha era lisa, mas começou a criar borbulhas e estas foram evoluindo até me consumir a face quase por completo e hoje só me resta um olho, do qual vejo mal», explicou José Mestre à agência Lusa, descrevendo que tinha menos de dois anos quando a mãe começou a peregrinação pelos médicos.
A malformação vascular e o angioma de que padece foram progredindo ao longo do tempo, apesar de José ter sido operado ao lábio inferior, aos 14 e aos 18 anos, para tentar conter a progressão da doença.
O angioma, que lhe chega abaixo do pescoço, está a comprometer-lhe cada vez mais a fala e a vergar-lhe a coluna devido ao peso, tornando muito difícil que José consiga trabalhar, mas nem sempre foi assim.
«Aos 14 anos eu ajudava numa drogaria e a partir dos 16 controlava o trânsito numa via de Queluz, onde então morava, tendo mantido essa ocupação até aos 46 anos, em acumulação com o Rossio, onde estou há mais de duas décadas», recordou José Mestre.
«As pessoas sempre me vão dando alguma coisa e às vezes ganho 15 euros por hora. Se não fosse assim, nunca poderia pagar a renda, a água, luz e gás e os meus medicamentos, pois recebo do Estado apenas uma pensão por invalidez», acrescentou.
Todavia, as reacções de quem passa nem sempre são as melhores. «Há uma ou outra pessoa que se interessa pelo meu problema e vem falar comigo, mas a maioria apenas quer tirar fotos e essa falta de respeito magoa-me», confessou José Mestre, acrescentando que também há quem lhe peça para «tirar a máscara».
As situações já levaram José Mestre a mostrar o bilhete de identidade, em cuja fotografia está claramente patente o angioma, ou a apedrejar quem o provoca. «O José tem vários processos porque, quando atira pedras, as pessoas vão dizer à polícia que ele é agressivo, mas não contam que o insultam ou lhe tiram fotografias, até com os telemóveis, sem sequer pedir», revelou a irmã, Edite Abreu.
in http://diario.iol.pt/noticia.html?id=854502&div_id=291


Acho que ninguém consegue imaginar, pelo menos eu não consigo, como é ter que viver com uma aparência assim...

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